Apresentando...


          Acho que comecei a me tornar músico na época em que tinha aulas particulares de violão, ou antes disso, quando descobri que conseguia tirar de ouvido, ao piano, qualquer melodia que conhecesse, ou, antes disso ainda, quando descobri, na escola primária, que era bom em redação, o que faria me tornar, anos depois, jornalista, e depois, letrista e compositor.


          A vertente literária, assim, me levou a cursar Comunicação Social na Universidade Gama Filho, na Piedade, em 1984, vertente esta que depois daria lugar a outros "escritos": ao invés de textos e reportagens, as poesias e as músicas. Tocando violão com as revista "Violão e guitarra", tirando músicas ao piano, somente por último viria o sax, primeiro tentando sozinho em casa, depois nas aulas particulares de um conservatório em Ipanema, o In Concert, e por último, nas matérias eletivas do curso de Licenciatura em Educação Artística da UFRJ. Mesmo sem estar focado especificamente no sax, o curso de Licenciatura foi fundamental na minha formação musical, pois ordenou, classificou, clarificou e organizou coisas que para mim eram, sobretudo, intuitivas em relação à música. Mas vamos voltar ao princípio...   


          Me chamo Luiz Claudio Macedo de Almeida. Nasci no Rio de Janeiro, R.J., em 1966 . Havia um piano em nossa casa, tocado pela minha irmã e foi nesse piano percebi que conseguia tocar de ouvido qualquer melodia que conhecesse, algo que depois descobrir chamar-se "ouvido semi-absoluto". Aos onze anos comecei a ter aulas de violão com um professor que dava aulas à domicílio e ensinava, a mim e a meu irmão mais velho, os sucessos da época ou outros  já consagrados, sempre no esquema de letra e cifra.


           Quando tinha quatorze anos fiz minha primeira composição, uma canção meio de despedida, a história de dois amigos que se separavam, seguindo destinos diferentes. Eu havia cursado uma escola militar no sistema de semi-internato, e me desligando dela, deixei muitos amigos lá. A separação de que falava a música se referia a isso.


           Chegando a época do vestibular, decidi cursar Comunicação Social, o que apenas confirmava a facilidade para escrever que tinha desde criança. Depois de fazer Comunicação, na Gama Filho, mais tarde vim a cursar a Licenciatura em Educação Artística, com habilitação em Música, na Escola de Música da UFRJ, onde obtive lições fundamentais para a minha formação artística.


           A formação de meu gosto musical foi muito natural. Desde a infância ouvia os discos do Roberto Carlos, dados de presente à minha mãe pelo meu pai. Mais crescido, minhas preferências foram se tornando mais abrangentes, com as influências mais diversas, desde os amigos do clube aos parentes, que ouviam Ben Jor, na época Jorge Ben, Martinho da Vila, 14 Bis, Djavan, Lulu Santos, Moraes Moreira, entre muitos outros... Com o tempo fui criando também as minhas predileções, onde apareciam Barão Vermelho, Rita Lee, Caetano e Gil, Chico Buarque, Secos e Molhados, Carpenters, Beatles, Bob Dylan  e muitos outros mais... Enquanto isso, em casa, continuávamos comprando a revista “Violão e guitarra”, onde vinham as músicas com as letras cifradas.


              Eu tentava tocar as músicas em evidência nas rádios ou nos lançamentos dos discos, e tudo isso ia ampliando o meu leque de preferências musicais. Já mais adulto, me tornei um ouvinte verdadeiramente eclético, apreciando todo um leque de artistas como Alceu Valença, Gal, Bethânia, Grupo Rumo... Hoje em dia, com a Internet, ainda passo horas ouvindo todo tipo de música, da clássica à regional.



Produzindo os Cds


          Toco todos os instrumentos em todas as faixas dos três cds apresentados nesse site, o “Roda Ciranda”, o “Amigo compositor” e o "Atrás do Sol", além de fazer os vocais, algo hoje perfeitamente possível através dos softwares de edição de música. Não que eu seja um ‘expert’ em todos esses instrumentos, gostaria de sê-lo pelo menos no sax, mas a verdade é que no teclado, baixo, bateria, cavaquinho e pandeiro, só para citar alguns dos instrumentos presentes nas faixas, minha capacidade apenas corresponde ao necessário, o que é o bastante em gravações em que não se pretenda destacá-los.


          O processo de criação do ‘Roda Ciranda’, de músicas cantadas, é longo. Depois daquela primeira composição na adolescência sobre separação, com o passar do tempo foram sendo escritas, em um caderno várias outras músicas. Há alguns anos atrás resolvi selecionar algumas, gravar um cd e divulgá-las. Havia inicialmente cinco canções nesse projeto, todas de 2003, aproximadamente: “Nuvem no céu azul”, “A estrada brilhante”, “Tudo certo”, “Mensageira do ar” e “Ciranda de pedra azul”. No embalo, resolvi gravar outras, como “Quem não se lembra?”, “Quantos verões”, de 2012, ou seja, um leque abrangendo composições antigas e outras mais recentes.


          Já as músicas do “Amigo compositor”, de choro, são de 2002, aproximadamente. Neste trabalho instrumental de chorinho, com amplo espaço para a percussão, toco sax alto, violão, cavaquinho, flauta e percussão nas cinco faixas: “Amigo compositor”, “Brincadeira tem hora”, “Florzinha branca”, Meu cavaquinho” e “Tem um quibe na tuba”.


Já o "Atrás do Sol", mais recente, um "soft jazz" com cinco faixas, tem como instrumentação o sax-alto, o teclado, o baixo e a bateria.


         Os três cds, lançados à título de divulgação entre 2016 e 2022, são completamente autorais, processo criativo que, aos poucos, vem sendo mais e mais desenvolvido. Recentemente produzi também o "Guerreiro de Aruanda", com 9 faixas, novamente composições bem antigas junto com outras mais atuais, todas com a mesma instrumentação: guitarra, baixo e bateria, além da voz, e em algumas faixas, do teclado.



Falando de música...           


          Para mim o processo de composição da música instrumental é um pouco diferente daquela usado na música cantada. Na primeira a composição “aparece”, talvez da prática diária com o instrumento, e no momento em que uma melodia surge, é preciso parar e anotar tudo, ou gravar, para não esquecer; depois melhora-se a melodia original com um arranjo que inclua os outros instrumentos. Já na música cantada, surge a necessidade de desenvolvimento de uma narrativa, da criação da letra, ou seja, a composição não se resume apenas a aspectos musicais, mas envolve também as palavras. A verdade é que sempre fico em dúvida sobre qual das duas aprecio mais, se a música instrumental ou a cantada...


          Quando penso em minha função social relacionada à música, acho que meu principal objetivo é compartilhar minha experiência sonora com os outros, pois quem cria música quer que as pessoas também ouçam e apreciem aquilo que ele faz. 


          Assim, para mim praticar música pode ter também um sentido de realizar um recorte na realidade sonora em que vivemos, hoje muito marcada pelo visual, resultado, talvez, da influência da TV e de todas as outras telas do novo mundo digital. Quando podemos sublinhar, através da música, o mundo sonoro, acho que isso se torna algo importante. Dessa forma, embora exija dedicação, a música acaba sendo uma atividade prazerosa, prazer que aumenta se você acredita que outras pessoas também vão estar ouvindo aquilo que você compôs.


          Em 2017 resolvi criar uma gravadora independente, a Gravadora Ponta da Estrela, e criar um nome artístico, Khao, aproveitando um antigo apelido familiar de infância.


...no estúdio Ponta da Estrela...

Escute outras músicas de KHAO em SOUNDCLOUD.com
A Gravadora Ponta da Estrela
Aopção de apostar em uma gravadora independente hoje, no Brasil, revela, possivelmente, as facilidades em voga no uso das  tecnologias de produção musical, que não eram acessíveis a todos há algumas décadas atrás. Hoje, com os equipamentos certos, já não é tão difícil produzir um disco caseiro e assim tentar inseri-lo no mercado.

Plurimusical...

          Embora seja bastante interessante poder se ocupar de vários gêneros musicais diferentes, a verdade é que o trabalho, ao dedicar-se a eles, também aumenta consideravelmente. Porém o mais difícil de tudo é decidir sobre que estilo mais agrada, a si mesmo e ao público.

Trabalhar com música...

A verdade é que, embora constitua-se um trabalho diário, o trato com a música é também, muitas vezes, um prazer. Criar e ao mesmo tempo degustar dos agradáveis sons surgidos dos instrumentos e da própria imaginação, é quase sempre prazeroso e contagiante....

Boas vibrações...

Os instrumentos musicais têm, cada um, a sua própria vibração. Poder experimentá-las é algo bastante interessante. A forma inteligente como se combinam e todos eles, muitas vezes, se combinando à voz, torna a experiência musical deveras recompensadora.